Aprender dentro de uma empresa sempre foi como navegar por um grande mapa: havia os caminhos já conhecidos, indicados por quem está há mais tempo, e as trilhas novas, que cada pessoa desbravava aos poucos. Mas, nos últimos anos, esse mapa ganhou um GPS inteligente. A IA entrou em cena para mostrar rotas mais curtas, aprender com o comportamento de quem navega e até prever o próximo passo.
É essa nova forma de orientar o aprendizado — mais rápida, colaborativa e tecnológica — que está transformando o jeito de treinar e desenvolver times.
Durante o talk “Novo Modelo para Educar e Treinar Times”, o Cassiano Piekarski, diretor executivo da Inbix, trouxe uma reflexão: a forma como aprendemos dentro das empresas está mudando mais rápido do que nunca. E a principal força por trás dessa mudança tem nome — inteligência artificial.
A virada de chave na educação corporativa
Cassiano começou o talk com um olhar sobre a evolução do treinamento computacional ao longo dos anos. Um gráfico mostrava um crescimento tímido até 2010 — e uma curva exponencial a partir daí.
“Quando o ChatGPT chegou, o jogo mudou. Pela primeira vez, o acesso à inteligência artificial deixou de ser algo restrito à área de tecnologia. Todo mundo pôde usar.”
O impacto foi imediato: em apenas cinco dias, o ChatGPT alcançou 1 milhão de usuários — um feito que plataformas como Facebook e Instagram levaram meses para atingir.
E há um dado curioso que reforça o ponto de Cassiano: a faixa etária que mais usa o ChatGPT é a de 18 a 24 anos — justamente as pessoas que estão entrando agora no mercado de trabalho. Isso significa que as empresas estão recebendo uma nova geração com outro tipo de inteligência, muito mais conectada à tecnologia e à IA.
Conhecimento que não pode ficar na cabeça das pessoas
Para falar sobre o novo modelo de aprendizado, Cassiano relembrou um conceito clássico da gestão do conhecimento, com quatro etapas: socialização, externalização, combinação e internalização.
Na prática, é o processo pelo qual alguém ensina o que sabe, outra pessoa aplica, aprende fazendo — e o ciclo continua.
Mas ele fez uma provocação importante:
“Esse modelo, criado nos anos 90, não funciona mais da mesma forma depois da inteligência artificial.”
Hoje, com ferramentas como o ChatGPT, o conhecimento tácito — aquele que antes dependia da convivência e da observação — pode ser registrado, compartilhado e acessado instantaneamente. Isso acelera o aprendizado dentro das empresas e reduz o risco de perder conhecimento quando alguém sai da equipe.

Onboarding e aprendizado contínuo na prática
Também tivemos exemplos reais de como esse modelo está sendo aplicado com clientes da Inbix, como Mahle, escritórios de advocacia e Nexa.
A proposta é simples, mas poderosa: estruturar o conhecimento da empresa em trilhas de aprendizado e onboardings personalizados, com vídeos, conteúdos recomendados por líderes e indicadores de engajamento.
Um exemplo: dentro da plataforma, é possível criar um espaço onde o diretor da área compartilha vídeos, links e recomendações para os novos colaboradores. Assim, o aprendizado se torna dinâmico, atualizado e conectado à cultura da empresa.
Um novo jeito de aprender e evoluir juntos
O talk terminou com uma mensagem otimista: estamos entrando em uma era em que educar times será um processo mais rápido, acessível e inteligente.
Com o apoio da IA, é possível personalizar trilhas de aprendizado, criar objetivos e hábitos de desenvolvimento e medir o impacto real da aprendizagem.“O conhecimento não pode ser das pessoas, ele tem que ser da empresa”, destacou Cassiano.
“E agora, com a tecnologia certa, isso é possível.”
Por Mara Braun.
